Eu poderia contar facilmente nos dedos as vezes em que dei feedback em conversas genuinamente delicadas, sem sair com aquela sensação de insegurança. Ninguém, nem mesmo quem já tem prática, se sente totalmente à vontade ao tratar de temas sensíveis. Mas percebi, ao longo desses anos, que a assertividade não só facilita os caminhos como pode transformar desafios em oportunidades de crescimento, tanto para quem fala, quanto para quem escuta.
Afinal, o que é feedback assertivo?
No começo da minha carreira, eu achava que feedback assertivo era sinônimo de ser duro ou direto demais. Depois, descobri que feedback assertivo é a comunicação clara, respeitosa e objetiva sobre comportamentos e resultados, sem agredir ou omitir. Não é só falar o que pensa, mas falar da forma certa, pensando no impacto sobre o outro e trazendo clareza para a situação.
Feedback assertivo foca no comportamento, não na pessoa.
Quando me posicionei de maneira assertiva, notei mudanças, especialmente na abertura para o diálogo. Os receios de mágoa diminuem quando se sente transparência e cuidado nas palavras escolhidas.
Por que conversas difíceis são desafiadoras?
Conversas difíceis envolvem sentimentos fortes, expectativas e receios de rompimento de relações. Recentemente, presenciei uma situação em que um líder precisava falar com seu colaborador sobre atrasos frequentes e baixa entrega. Eles estavam ambos tensos, esperando o “pior”.
O desafio está em equilibrar honestidade com empatia. O medo de reagir mal ou de causar desconforto muitas vezes deixa o feedback para depois, ou pior, faz com que ele nunca aconteça.
- Pensamos: “E se piorar a situação?”
- “E se a pessoa se fechar?”
- Ou até: “Será que vale a pena falar algo?”
Essas perguntas são normais. Só que, na experiência, sempre percebi que o silêncio só aumenta o problema.
Como se preparar antes da conversa
Sempre recomendo reservar um momento antes para organizar a cabeça: nada de tentar resolver pelo impulso. Preparação é diferente de decorar frases, é sobre organizar ideias, sentimentos e intenções.
Defina o objetivo: O que quero com essa conversa? Melhorar um comportamento? Fortalecer uma relação?- Descreva fatos concretos: Mapear exemplos específicos ajuda a tirar o peso da subjetividade.
- Reflita sobre o momento: Está tudo muito “quente”? Talvez seja melhor esperar algumas horas ou até o dia seguinte.
- Pense no clima: Privacidade e tempo são essenciais. Nada de conversar no corredor ou correndo.
Anotar essas ideias em um caderno já me salvou algumas vezes: me lembra de focar no que importa, sem fugir do tema principal.
Estruturando o feedback assertivo
Você já deve ter ouvido alguma técnica ou sigla de como dar feedback. Eu costumo simplificar assim:
- Descreva o fato: O que aconteceu? Conte o que viu ou percebeu, sem julgamentos.
- Apresente o impacto: Como esse comportamento ou resultado afeta a equipe, o trabalho ou os resultados?
- Ouça o outro lado: Dê espaço para que a pessoa exponha sua visão ou dificuldades.
- Combinem próximos passos: Não termine a conversa no problema. Converse sobre o que pode melhorar, juntos.
A assertividade pede equilíbrio: clareza, mas sem perder o respeito.
Em uma ocasião, preferi começar dizendo exatamente os fatos, sem rodeios, mas deixei espaço para a pessoa falar como estava vivendo aquilo. Fui surpreendido ao perceber que ela também estava desconfortável com a situação. Isso só aconteceu porque me mantive firme, mas aberto.
Dicas práticas para conversas difíceis
Nem todo feedback precisa ser “duro”. O segredo está no tom, no local e, acima de tudo, no objetivo construtivo. Quero dividir algumas dicas que funcionaram para mim:
- Seja específico: Fale sobre comportamentos, não sobre traços de personalidade.
- Seja breve: Não floreie. Vá ao ponto, com respeito.
- Evite rótulos: Palavras como “sempre” e “nunca” só aumentam defesas.
- Escute de verdade: Às vezes, o contexto do outro muda completamente nossa percepção da situação.
- Reconheça pontos positivos: Nem tudo precisa ser negativo, valorize boas atitudes também.
Aprendi, errando, que o tom de voz conta bastante. Em um dos primeiros feedbacks mais difíceis que já dei, percebi que comecei tão tenso que deixei o ambiente mais pesado ainda. Depois, entendi que respirar fundo, ajustar a postura (sem cruzar braços ou fechar o corpo) e manter contato visual cria um espaço mais seguro para ambos.
Como lidar com as emoções no feedback assertivo
Quem nunca sentiu vontade de interromper a conversa ou se defender rapidamente ao receber um feedback complicado? Já vivi situações assim, dos dois lados. Aprendi que ouvir sem reagir no impulso e dar espaço ao outro ajuda a acalmar o clima.
- Se a emoção apertar, proponho uma pausa curta.
- Se for eu quem ficou desconfortável, digo: “Preciso de um minuto” ou “Podemos retomar daqui a pouco?”.
- Mantenha a voz calma e o olhar gentil. Sim, isso ajuda bastante.
No fim, trato sempre de encerrar reforçando que estou aberto a conversar de novo, se precisar. Isso mostra que a porta não se fecha ali, e as pessoas sentem apoio.
Conclusão
Se há algo que aprendi em anos participando de conversas delicadas é que feedback assertivo não é natural para a maioria, mas pode ser simplificado e praticado. Dói menos quando entendemos que é sobre evolução, não sobre apontar erros. Com preparação, empatia e abertura, a experiência se torna menos desgastante e, às vezes, até gratificante.
O passo mais difícil sempre será começar, mas, como tudo que gera valor, é ele que mais traz resultados.
Perguntas frequentes
O que é feedback assertivo?
Feedback assertivo é uma forma de se comunicar diretamente, com clareza e respeito, sobre comportamentos e resultados. Ele não ataca a pessoa, mas fala sobre fatos observáveis, buscando crescimento de forma construtiva.
Como dar feedback em conversas difíceis?
Na minha experiência, a chave é se preparar, escolher o momento e o local certo e ser objetivo. Use exemplos concretos, explique o impacto do comportamento e escute o outro lado. Nunca leve para o lado pessoal; mantenha-se aberto ao diálogo.
Por que feedback assertivo é importante?
Porque cria clareza nas relações de trabalho, melhora resultados e fortalece a confiança entre as pessoas. Guardar críticas ou elogios só alimenta inseguranças e bloqueia o desenvolvimento.
Quais erros evitar ao dar feedback?
Já errei ao ser vago ou usar expressões como “sempre” ou “nunca”. Evite dar feedback constrangedor em público, agir de forma emocional ou julgar a pessoa, em vez do comportamento. Outra armadilha é falar só dos problemas e esquecer de reconhecer acertos.
Como receber feedback de forma construtiva?
Respiro fundo sempre que recebo um feedback. Procuro ouvir até o fim, pedir exemplos claros e evitar responder na hora, se estou chateado. Encare o feedback como oportunidade de aprender, mesmo que doa no começo.
